Governo e iniciativa privada pretendem investir US$ 60 milhões.
Por Hugo Machín para Infosurhoy.com—03/12/2010
MEDELLÍN, Colômbia – O governo do presidente Juan Manuel Santos quer quadruplicar o número de conexões à Internet em quatro anos, aumentando de 2,2 milhões para 8,8 milhões o número de usuários na Colômbia, segundo o Ministério das Comunicações e Tecnologia da Informação (TIC).
O Plano Vive Digital, lançado em outubro, almeja estender a conexão a 50% das famílias pertencentes aos três segmentos socioeconômicos de menor poder aquisitivo no país.
Cerca de 88% dos 45,5 milhões de colombianos encontram-se nessa situação e apenas 26% deles têm acesso à Internet, de acordo com o TIC. Na Colômbia, apenas 4,6 habitantes em cada 100 estão conectados à rede mundial.
O governo pretende, em quatro anos, levar acesso à Internet a 700 dos 1.100 municípios do país. Hoje, apenas 200 municípios têm esse acesso.
As autoridades também se propõem a melhorar o acesso das pequenas e médias empresas, que hoje constituem 96% do setor privado no país, de acordo com o TIC.
O plano demandará investimentos da ordem de US$ 60 milhões (R$ 100 milhões), metade dos quais ficarão a cargo do governo e a outra metade da iniciativa privada. No início de 2011, será feita uma licitação para a escolha do fornecedor de fibra óptica para a conexão com a Internet.
Educação digital
O projeto "Um Laptop por Criança" (OLPC), que foi implantado na Argentina, Brasil, Paraguai, Peru e Uruguai, também funciona na Colômbia desde 2007.
“Na Colômbia, já temos cerca de 8.000 crianças trabalhando [com computadores] em diversas instituições no país, com o apoio principalmente do setor privado e um pequeno apoio do setor público", disse Sandra Barragán, coordenadora do OLPC na Colômbia.
Sandra ressalta que o OLPC está trabalhando com a Fundação Pies Descalzos, criada pela cantora Shakira e que foi a primeira organização a implantar o programa, e com três instituições educacionais de Barranquilla, uma no departamento de Chocó e outra na cidade de Soacha.
Sandra acrescenta que o OLPC na Colômbia também se prepara para lançar o projeto na cidade de Itagüí, no departamento de Antioquia, onde 20.000 crianças receberão computadores.
“Nosso programa está à disposição de quem quiser implantá-lo", disse ela. "Obviamente, é dirigido aos segmentos socioeconômicos menos favorecidos e que recebem ajuda de ONGs ou do governo.”
Por enquanto, o TIC não pretende incorporar o projeto do OLPC, já que tem outras prioridades, revelou o ministro Diego Molano Vega.
“A principal dificuldade é treinar os operadores que deverão transmitir seus conhecimentos sobre as novas tecnologias", disse Molano.
Em 2001, o governo implantou o programa Computadores para a Educação, uma iniciativa em parceria com empresas privadas de TI. Desde então, 5,8 milhões de colombianos já receberam um computador, de acordo com dados oficiais.
Cerca de oito anos atrás, a prefeitura de Medellín lançou um projeto para levar tecnologia às escolas. Todos os centros educacionais da cidade receberam uma sala de aula digital. No ano passado, a prefeitura criou o programa "Ônibus Digital", um veículo transformado em laboratório de computação que já visitou 140 instituições de ensino e recebeu a visita de 9.000 usuários, segundo o instrutor Antonio Córdoba.
Juan Pablo Soto Tavares, aluno da 4ª série do Colégio Antonio Derka, em Medellín, conta que, graças ao "Ônibus Digital", ele conseguiu aprender mais sobre as novas tecnologias e familiarizar-se com softwares para fazer apresentações em sala de aula e editar vídeos.
“Eu uso para fazer pesquisas para os meus trabalhos e procurar o que preciso”, disse Soto, de 10 anos. “Eles nos ensinaram a usar o Muvee e o PowerPoint.”
O futuro
Segundo o governo, outras estratégias do Plano Vive Digital são o desenvolvimento de uma estrutura de regulamentação para a conexão de TV como terminais de internet, a criação de 800 centros de capacitação de usuários em todo o país e a redução dos impostos sobre serviços de Internet para os segmentos socioeconômicos menos favorecidos.
A estratégia do presidente Santos pode vir a favorecer a privatização das empresas de telecomunicações, segundo Elkin Echeverri G., gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da CompuRedes, uma empresa que opera no setor desde 1988.
Echeverri afirma que a CompuRedes já deixou de repassar impostos sobre algumas marcas e modelos que comercializa para impulsionar as vendas.
O preço médio de um computador de mesa na Colômbia é de US$ 660 (R$ 1.108), enquanto que um laptop custa cerca de US$ 800 (R$1.344), na média de mercado.
“Estudos mostram que, se você compra um computador sem pagar impostos, o efeito colateral é que você compra mais outros bens e isso iguala ou supera a arrecadação de impostos", concluiu ele. "Então, o que falta é mais agressividade nessa estratégia. É um bom negócio."
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